Anões são uma das raças típicas encontradas em praticamente todos os RPGs de fantasia de todo o tipo, desde os mais realistas até os mais fantásticos. Assim como Elfos e outras raças comuns, também são vistos em ambientações de outros gêneros — moderno, futuro ou de ficção — que desejam ter alguma coisa de fantástico. Ainda que existam em diversas versões diferentes, para os Anões, ao contrário dos Elfos, é bem mais fácil encontrar alguns pontos em comum.

Na história da mitologia, Anões e Elfos dividem uma origem em comum como pequenas e feias criaturas que fazem diabruras ou causam doenças. Daí, no entanto, o desenvolvimento do mito dos Anões tomou um rumo diferente: de uma forma ou de outra, Anões estão presentes em contos que traçam até o século XIII ou talvez até antes — especificamente, o “Poetica Edda”, poemas épicos da mitologia nórdica, e o “Prose Edda”, escrito por Snorri Sturluson. Como essas histórias se tornaram populares, sua imagem desenvolveu-se de maneira um pouco mais coerente. No entanto, muito da forma como são descritos assemelha-se ao que hoje chamamos de gnomos ou duendes.

Uma descrição mais parecida com a visão moderna aparece em “O Anel do Nibelungo”, poema épico germânico do século XVI. Lá, o personagem Alberich, um anão, é extremamente forte e utiliza uma capa que lhe confere invisibilidade. Na versão da ópera, escrita por Richard Wagner, além disso, ele ganha a capacidade de forjar anéis mágicos, e é responsável pela criação do artefato do título. Essas características ajudaram a criar a forma moderna da raça, que apareceu em sua versão quase definitiva em meados do século XX, nos trabalhos de J. R. R. Tolkien, especialmente “O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion” onde Anões são delineados em detalhes.

Já no primeiro RPG lançado, “Dungeons & Dragons”, Anões apareciam como possibilidade para personagens de jogadores, assumindo muitas das características, mas também incorporando a visão idealizada de guerreiros escoceses (incluindo o sotaque). Lá, são descritos com todas as características comuns até os dias de hoje, incluindo seu mau humor típico – provavelmente, grande responsável pela popularidade da raça.

Assim como no caso dos Elfos, Anões têm história complexa e intrincada em quase todos os cenários, e é natural encontrar algumas variantes que adicionam diversidade à raça. Se você não deseja variações, as descrições abaixo são o suficiente. Se preferir, no entanto, pelo menos um subtipo além do descrito aqui: Anões das Montanhas, especialistas em minerar e forjar. A diferença entre os dois tipos, na maior parte das vezes, é cosmética ou depende de detalhes do cenário – confira com o MJ, nesse caso, para diferentes benefícios e limitações.

Anões das Colinas são mais baixos que seres humanos, com altura entre 1,40m e 1,50m. Apesar disso, não são mais fracos, tendo resistência e força comparáveis à de um humano comum. Suas feições são duras e seus cabelos grossos e longos. É motivo de grande orgulho para um Anão portar uma longa e espessa barba, que os membros dos clãs das colinas gostam de tratar, cuidar e enfeitar, mais ou menos à maneira como seres humanos tratam e enfeitam seus cabelos. Em geral, vivem em torno de 350 a 450 anos, com a maturidade chegando por volta dos 75 anos de idade.

Suas vestimentas são simples e práticas, confeccionadas para não causar desconforto durante as tarefas do dia. As cores são próximas das primárias, mas dessaturadas e acinzentadas, de forma a nunca chamar atenção. A despeito de sua simplicidade, Anões das Colinas também sabem criar vestimentas intrincadas, mais comumente usadas nas interações — especialmente comerciais — com outros povos.

De forma geral, todo Anão – não importa qual subtipo – é visto como mal-humorado. Os Anões das Colinas, no entanto, por viverem na superfície e manterem relacionamentos com outros povos, ainda que quase sempre profissionais, são mais abertos. São menos tradicionalistas e mais abertos às mudanças; por isso, convivem bem com outras raças, e fazem amigos com facilidade. Apesar de tudo, Anões das Colinas são práticos. Independente disso, como todo Anão, são fiéis às amizades feitas, e é difícil ouvir falar em traições entre eles.

A não ser, é claro, que dinheiro esteja em jogo. Anões são apaixonados por ouro e joias – não se trata de ganância, a riqueza não é usada para adquirir poder, mas sim para encher de beleza suas residências. O clã das Colinas é especializado em avaliar, comercializar e confeccionar objetos preciosos, tornando-se proficiente no assunto.

Anões das Colinas constroem suas residências e colônias sobre ou sob as colinas que ficam próximas às grandes montanhas. A escolha do local é puramente funcional: é o meio termo do caminho entre as sociedades da superfície e as cidades subterrâneas dos Anões das Montanhas. Nessa localização, eles podem com facilidade realizar as trocas comerciais de comida e bens de consumo que vêm do exterior com os metais e joias que vêm do interior da montanha.

Há alguma controvérsia a respeito das mulheres Anãs. Alguns cenários não fazem menção a respeito de sua existência, dando a entender que as proporções e os papéis de gênero são semelhantes às comunidades humanas; outros cenários ilustram Anãs como versões feminilizadas de suas contrapartes masculinas. Por fim, há ainda alguns cenários que postulam que mulheres Anãs são, na verdade, tão semelhantes aos Anões – incluindo barbas – que é impossível para um membro de outra raça fazer a distinção. Independente disso, a maior parte das comunidades são patriarcais.

Anões costumam organizar-se em clãs, que são unidades políticas concisas geralmente formadas por famílias com grau de parentesco entre si. Criado sob esse sistema, um personagem Anão é normalmente fiel e devoto ao seu clã acima de todas as coisas. De seus chefes constituem-se os governantes, que podem ser nobres ou reis, mas aos quais — ainda que cada unidade seja livre para administrar seus negócios de maneira independente — todos se submetem. Isso, combinado ao fato de que um Anão dificilmente se envolve em alguma coisa para deixá-la pela metade, faz com que os clãs tornem-se extremamente competitivos entre si.

A interação de Anões das Colinas com outros membros da sociedade pode ser um pouco emperrada, mas não é especificamente difícil. O clã das Colinas, assim como todo clã, é uma unidade independente que segue as diretrizes de um governo central. Como sua principal preocupação, no entanto, é o comércio, são bem mais amigáveis em suas relações. Em negociação comercial, Anões são gentis como qualquer outra raça.

É um lugar-comum que, em cenários de fantasia medieval, Anões e Elfos apresentem uma certa animosidade entre si. O motivo disso é alguma atitude tomada por um ou os dois grupos em uma situação de tensão, como uma guerra ou negociação diplomática sensível. Por esse motivo, em cenários que as duas raças estejam presentes, a interação entre elas é complicada.

Espírito Forte

Como acostumaram-se a conviver com todas as outras espécies do mundo, Anões aprenderam a controlar seus instintos tradicionalistas, o que lhes provê uma força de caráter excepcional. Anões das Colinas estão em vantagem em situações que envolvem discernimento, como detectar mentiras, tomar decisões e semelhantes.

Visão no Escuro

Anões nascem e crescem sob a terra, e acostumam-se a enxergar e perceber as coisas sob iluminação muito fraca. Normalmente, áreas de baixa iluminação provêm penalidades para as ações dos personagens, mas, para os anões, essas penalidades não se aplicam — ainda que, em alguns casos, o MJ possa solicitar testes para Tarefas que sejam dependentes da visão. Note que isso não vale para escuridão total — é necessário um pouco de luz.

Mercadores

Pedras e metais preciosos são extraídos e precisam chegar à superfície; a comida produzida precisa chegar ao subsolo. Os Anões das Colinas especializaram-se em realizar essa interação e tornaram-se exímios comerciantes. A paixão pelo comércio torna-se tão forte em alguns deles que chegam a criar caravanas para percorrer as terras próximas para buscar novos negócios. Isso inclui situações que envolvam comercialização, negociação e apreciação de produtos.

Machados

Desde que aprendem a segurar o cabo de uma picareta, Anões aprendem também a segurar o cabo de um machado, que é a arma escolhida comumente por membros da raça. Situações como lutar com machados, lidar com eles, avaliá-los, comprá-los, vendê-los e tudo mais lhes são familiares. Alternativamente, se você preferir, seu personagem pode lutar com martelos ou alguma outra arma que combine com Anões, e ganha os mesmos bônus nas mesmas situações envolvendo a arma escolhida.

Altura

Provavelmente uma de suas características mais distintas, em todas as vezes em que a altura do personagem influenciar a situação, um Anão está em desvantagem, e recebe penalidade nos seus testes. Devido à relação entre sua altura e seu peso, Anões se movem mais lentamente que um humano de estatura normal. Além disso, Anões não gostam muito de piadas sobre o assunto (veja abaixo), e têm a tendência a se enfurecer quando ouvem uma.

Mal-humorados

Anões são fechados, tanto em seu semblante quanto em suas relações — são desconfiados e não dão conversa para qualquer um. Não são mal-humorados, apenas parecem mal-humorados, mas isso prejudica qualquer interação social que não envolva membros da raça.

Avareza

Anões não são exatamente avaros, mas possuem uma paixão pelo ouro, pedras preciosas e belas joias que às vezes pode tirá-los do sério, ou até mesmo afetar o seu julgamento. Quando em presença de alguma peça especialmente bem construída, famosa ou uma quantidade significativa de ouro, Anões das Colinas podem se ver em desvantagem. Isso pode entrar em conflito direto com a natureza mercantil da raça — nesse caso, os benefícios e limitações se cancelam: ainda que o personagem seja um excelente mercador, a visão de uma peça bem feita anuvia um pouco o seu discernimento.

Natação

O corpo dos Anões não foi feito para nadar: têm dificuldade para boiar e, mesmo que consigam movimentar os braços e as pernas, seu corpo é muito pesado para que consigam mover-se na água com velocidade.

Inflexíveis

Ou, se preferir, chame de Teimosia: Anões simplesmente não gostam de mudar de opinião. São tradicionalistas, gostam das coisas como elas sempre foram, e por isso recebem penalidade em qualquer situação envolvendo mudança de planos — ou de opiniões (como, por exemplo, várias situações diplomáticas). Além disso, outros personagens recebem penalidade sempre que tentarem convencer um anão a mudar de ideia.