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A Grande Tragédia

“A ambição dos homens e a arrogância dos seus protetores dividirá Uviananth mais uma vez. Isso levará ao Segundo Cataclismo.”
Ramon Llull, profeta de Honnar.

Há muito o que se pode falar e cogitar a respeito da Grande Tragédia, por que ela aconteceu e o que a causou. Apenas uma certeza existe: ela não teria acontecido sem a guerra fria entre as Ilhas de Eillie e Audovall. Mas, além disso, qualquer coisa é pura especulação.

A Rebelião dos Grifoneiros gerou algumas décadas de guerra fria entre Eillie e o Império, em grande parte garantida pelos próprios Grifoneiros. O problema dos períodos de paz instável é que cada uma das partes se envolve em uma corrida para fortalecer, na crença de que seu poderio militar crescente intimidará o inimigo. Isso jamais acaba bem.

O Esfacelamento de Audovall

É impossível compreender o que levou ao crescimento das animosidades sem entender o que acontecia com o Primeiro Império nessa época. O crescimento do Império gerou uma linhagem de governantes com delírios de grandeza cada vez maiores, e Drurion – o último Imperador de Audovall – foi o pior deles. Sedento para demonstrar seu poder, era cruel com seus súditos, e ainda mais cruel com as terras conquistadas. Pequenas rebeliões em todo seu território apareciam, com cada vez mais frequência, o que o obrigava a dividir seu exército para debelá-las. O resultado foi o enfraquecimento de seu domínio.

Determinado a consolidar seu poder sobre todo o mundo conhecido, iniciou uma exploração descuidada de corações-de-pedra em sua própria Ilha, intensa o suficiente para afetar a sua sustentação. Inicialmente, pequenas porções de terra começaram a se desprender do veio principal. Drurion ignorou os avisos de seus conselheiros, alegando que aquele era um preço pequeno a se pagar para colocar seu nome na história. Em breve, grandes veios de rocha começaram a cair no Grande Oceano.

Em vez de compreender o efeito de suas ações, Drurion intensificou a exploração, certo de que as pesquisas encontrariam uma solução para o problema. Não foi o que aconteceu. O esfacelamento da Ilha de Audovall apenas acelerou-se, e se aproximava perigosamente da capital do Império. Em sua loucura, Drurion acreditava que havia uma única maneira de deter a tragédia: conquistar a Ilha de Eillie para extrair seus corações-de-pedra, transportando-os para Audovall e salvar a ilha.

Tentando evitar a guerra sem proporções que se assombreava no horizonte, em uma inédita ação de coordenação, os Grifoneiros – agora espalhados pelo mundo – tomaram para si o controle de todas as minas de corações-de-pedra. O impacto da atitude causou um pequeno recuo nas animosidades, mas por muito pouco tempo – em breve, todas as nações retaliaram, forçando-os de volta à ilha de Eillie, sede da Ordem.

Desta vez, no entanto, com o apoio das ilhas menores, o Império estava decidido a realizar a invasão, tomar o poder e extrair o minério, pouco importando-se com as consequências. Os relatos, aqui, tornam-se confusos, porque pouco da documentação, mantida no Templo da cidade de Veston, sobreviveu ao Segundo Cataclismo. Sabe-se que o exército unido das ilhas lançou um ataque desproporcional de energia mágica através de uma das Linhas menores que conectam a ilha de Lugria a Eillie – muito embora detalhes de como isso foi feito não existem.

Alguns estudiosos especulam que a próxima ação dos Grifoneiros aconteceu em retaliação a esse ataque; outros dizem que a Ordem desejava eliminar os exércitos unidos para obter total controle sobre o mundo. As canções dizem que foi um jovem mas talentoso Grifoneiro, mergulhado na dor da perda dos entes queridos em uma guerra na qual não via sentido. Independente dos detalhes, o fato é que se realizou um ritual mágico, visando a Solução Final para as guerras.

O Surgimento das Brumas

Quem quer que tenha realizado esse ritual muito provavelmente não previa as suas consequências. A magia criou uma onda de ressonância que ecoou por todas as Linhas, alcançando, através delas, todas as ilhas próximas, causando a morte abrupta e violenta de inúmeras almas. Toda a ilha de Eillie, e extensas regiões das Grandes Ilhas foram atingidas, destruindo florestas, campos e cidades.

O medo, o desespero, a dor e a raiva dos habitantes – tanto homens, quanto anões, elfos e animais – corromperam a energia mágica no local em Brumas, que se manifestaram com uma fina nuvem, um nevoeiro enegrecido, pairando sobre onde antes havia a ilha.

A Bruma não era um efeito desconhecido pelos sábios da época. Era bem sabido que a magia podia ser corrompida por sentimentos de medo, desespero, raiva ou dor. Ninguém, no entanto, concebia que ela podia atingir aquela magnitude. Toda a ilha de Eillie foi coberta por uma camada fina de energia mágica obscura, e terríveis horrores na forma de criaturas aterrorizantes foram libertados, sabe-se lá vindas de onde. A Bruma tornou a ilha de Eillie um local mortal. Ninguém – absolutamente ninguém – que se aventurou nas Brumas foi visto novamente.

Além do surgimento da Bruma, duas outras terríveis consequèncias se fizeram presente. Toda a Ordem dos Grifoneiros, seus conhecimentos, suas técnicas de combate, suas riquezas e sua honra – tudo foi perdido quando a Tragédia veio. Os grifos foram extintos, e até os dias de hoje, não existe notícia de sua existência em qualquer outro lugar do mundo. Mas, ainda pior que isso, foi o colapso de Audovall.

Com sua sustentação enfraquecida pela exploração desenfreada de seus corações-de-pedra, a onda de ressonância mágica criada na guerra atingiu a ilha, causando o seu Colapso, esfacelando-a por completo. Trechos gigantescos, contendo cidades inteiras, desprenderam-se e caíram no Grande Oceano. Apenas amontoados de rochas, as maiores delas capazes do tamanho de uma pequena vila ou um bosque, sustentam-se nas Linhas sobre as quais a Ilha ficava inicialmente. O local recebeu o nome de Escombros, e é um local perigosíssimo.

Em reação à calamidade, as Grandes Ilhas criaram inúmeros acordos visando regular a exploração dos corações-de-pedra. A Academia foi criada como uma instituição independente dos reinos, com o objetivo de estudar, registrar e fiscalizar a sua extração. A esperança era que uma entidade autônoma ajudasse a manter o equilíbro entre os poderes – o efeito, infelizmente, foi o contrário do desejado: agora, Grandes Ilhas, o Templo de Honnar e a Academia conflitam entre si pelo controle das ilhas, dos povos, e dos corações-de-pedra.

uviananth/a_grande_tragedia.txt · Última modificação: 2024/05/09 19:45 por admin