Poucos meses após a catástrofe, as Brumas mostraram um recuo limitado, descobrindo parcialmente regiões que foram tragadas na Tragédia. As cidades que puderam ser alcançadas foram encontradas em ruínas, e não houve relatos de sobreviventes. É impossível tentar contabilizar o preço que foi pago pela guerra aberta.
O recuo, no entanto, não significou que essas regiões estavam seguras: viajantes e navegadores dos locais relataram monstruosidades e aberrações nas proximidades. Essas criaturas, desconhecidas antes da Tragédia, receberam o nome de Demônios das Brumas, e recomenda-se aos viajantes evitá-las como for possível. Sabe-se bem que elas podem possuir e corromper a alma e a mente de boas pessoas, e livrá-las da possessão em geral leva à morte. Os locais corrompidos pelas Brumas continuam assombrados até os dias de hoje, mas atraem aventureiros em busca de tesouros e relíquias.
Aos que sobreviveram à súbita invasão das Brumas, não restava outra alternativa a não ser reconstruir suas vidas. Eis como as três Grandes Ilhas foram afetadas pela catástrofe:
Ainda que tenha sido atingida pela onda de ressonância que causou a Tragédia, a capital da grande ilha de Estil foi protegida pelas cordilheiras de Banach, que agiu como uma barreira natural. Contando com a mineiração de corações-de-pedra na cidade anã sob as cordilheiras, pôde recuperar-se rapidamente, reconstruir a produção de alimentos, reestabelecer rotas comerciais, e retomar o funcionamento de suas cidades. Seu desenvolvimento sem oposição criou um estado forte, que em algumas décadas se tornou militarista, dominador, autoritário e xenófobo – até mesmo os anões de Banach sofrem com essa visão.
A ilha de Lugria sofreu muitas das consequências da catástrofe. O refluxo de magia que trouxe as Brumas atingiu em cheio a ilha pela sua região setentrional, causando muita destruição, inclusive, de cidades importantes. No entanto, a capital da ilha situava-se bem distante da parte atingida, e o país era comandado por uma nobreza forte, que foi capaz de criar e seguir um plano de reconstrução. Lugria ainda luta para se reerguer – entre as principais preocupações de seus líderes está resistir aos avanços militares do Império, seu vizinho.
O estado mais atingido pelas Brumas foi Veston. Sua primeira capital situava-se diretamente sobre a Linha que levava a Eillie, e sofreu o impacto direto da destruição, eliminando quase toda a nobreza e reduzindo o país a um aglomerado de pequenas nações competindo entre si. Sua unificação aconteceu há cerca de 120 anos, por iniciativa de membros sobreviventes da nobreza comandados por Kyen, que depois tornou-se rei – a unificação, no entanto, não aconteceu sem revoltas, batalhas, mortes, acordos e concessões. Ainda hoje, suspeita-se, grupos conspiram para a tomar o poder.
A cidade élfica na floresta de Elarune, vizinha da capital de Veston, também foi engolida pelas Brumas. Reapareceu com o recuo inicial, aparentemente sem sofrer nenhuma das consequências da tragédia. Os elfos, no entanto, pareciam ter uma atitude mais sombria e pessimista, e retiraram-se quase completamente do convívio dos seres humanos e decretaram aquela região proibida a estrangeiros.
Recentemente, exploradores notaram que as Brumas estão retrocedendo novamente. Pequenas ilhas que antes estavam encobertas agora podem ser alcançadas. Os relatos das aberrações que vivem em suas proximidades, no entanto, não arrefeceram.