Elfos são criaturas presentes em quase todos os cenários de fantasia, desde os mais simples até os mais complexos, dos mais antigos aos mais novos, dos mais realistas aos mais mágicos. Não são poucas, no entanto, as ambientações de naturezas diferentes – modernas ou de ficção, por exemplo – que inserem personagens com características semelhantes para dar aquele toque fantástico. Por conta dessa diversidade, não existe uma definição concisa sobre suas características com as quais todos concordam, bem como uma lista completa do que podem ser seus benefícios e limitações. Existem alguns pontos em comum, no entanto.
O desenvolvimento do mito dos Elfos é extenso e complicado. Praticamente toda cultura possui histórias de pequenas criaturas, às vezes feias ou monstruosas, que pregam peças e realizam maldades. Na visão germânica da lenda, que pode ser encontrada nos diversos contos de fada daquela região, especialmente os contos de Jakob e Wilhelm Grimm e Hans Christian Andersen, recebem o nome de “elfo”. Na mitologia de regiões próximas à da Alemanha, possuem nomes semelhantes, com pequenas variações.
A visão nórdica da lenda, no entanto, imagina-os como seres belos, nem sempre benevolentes, que vivem em um mundo mágico paralelo, ou no mundo humano, disfarçados sob um véu de magia, como na peça “Sonhos de Uma Noite de Verão”, de William Shakespeare. A visão atual deve-se às obras de literatura fantástica de meados do século 20, particularmente por Edward Plunkett (“The King of Elfland's Daughter”) e J. R. R. Tolkien (“O Hobbit”, “O Senhor dos Anéis” e “O Silmarillion”, e outros) que adaptaram a visão nórdica, tornando Elfos uma raça antiga, nobre e sábia, de criaturas quase divinas, mágicas e imortais, amantes da natureza e da música.
Nos RPGs, Elfos existem desde o primeiro momento. O jogo mais antigo, “Dungeons and Dragons”, ainda na década de 70, já trazia a possibilidade de personagens da raça, com várias características comuns nos Elfos de Tolkien, com uma notável exceção: ao contrário das descrições dos livros do autor, os Elfos de D&D eram mais baixos e mais fracos que humanos. Apesar disso, eram mais destros e belos. As várias versões existentes hoje em dia são interpretações e reinterpretações dessas influências.
Assim como nos trabalhos de Tolkien, cenários de fantasia em RPG costumam trazer uma história complexa e intrincada para a raça. Por isso, não é incomum a existência de diversas divisões entre os Elfos, com diversos nomes e características diferentes: Altos Elfos, Elfos Dourados, Elfos Prateados, Elfos Negros, entre outros. As descrições abaixo são do Elfo típico mais comum — o Elfo Cinzento, ou Elfo Prateado —, que é o suficiente se sua campanha não precisa de tanta diversidade.
Caso contrário, considere a existência de pelo menos duas variantes adicionais: os Elfos Dourados, ou Altos-Elfos, uma espécie de nobreza da raça; e os Elfos Silvestres, que constroem sua sociedade em torno da natureza. Note que a história do cenário deve se encarregar de justificar por que essas variantes existem – por exemplo, na Terra-Média criada por J. R. R. Tolkien (na qual praticamente todo cenário de alta fantasia se baseia), os Elfos diferenciam-se pela decisão de realizar a jornada até onde viviam as divindades do mundo.
Fisicamente, Elfos são belos e ágeis, têm a pele clara, traços delicados e olhos amendoados, e poucos, se algum, têm pelos faciais. Sua característica mais marcante são as orelhas pontudas (embora haja alguma controvérsia em relação a isso, hoje em dia assume-se essa peculiaridade de maneira canônica). Os cabelos são longos e lisos, e podem ter qualquer tonalidade, desde o branco-prateado até o acinzentado ou escuro; seus olhos em geral combinam com a cor dos cabelos. Sua altura costuma ser a mesma de um ser humano, com alguma variação (para cima e para baixo), e seus corpos são esbeltos e ágeis. Levam vidas longas, alguma coisa entre 300 e 1300 anos (dependendo do cenário), e atingem a maioridade por volta dos 100 anos de idade. Apesar disso, não geram prole em número excessivo — normalmente, 2 ou 3 filhos.
São artesãos extremamente hábeis, e isso se reflete na forma como se vestem: apesar de serem simples e funcionais, suas vestimentas são belas. Costumam adornar o corpo com joias feitas de metais e pedras preciosas. O design, tanto das roupas quanto das joias, costuma seguir as curvas e a sutileza dos contornos dos elementos da natureza: rios, folhas, árvores e montanhas. Suas armas e armaduras são belas e letais, e normalmente estão imbuídas de magia.
Em quase todos os cenários, os Elfos são descritos como membros de uma raça antiga – muitas vezes, como os primeiros a caminharem sobre a superfície do mundo. Por esse motivo, são encarados como sábios e amantes da natureza, desenvolvendo suas comunidades em harmonia com ela; pelo mesmo motivo, não são estranhos à magia ou ao mundo espiritual. Apreciam os prazeres da vida, mas não são dados a excessos.
Não costumam preocupar-se muito com os jogos políticos do mundo, o que faz com que membros de outras raças os enxerguem como frívolos. Não é esse o caso, no entanto — como vivem bastante, sabem que as coisas pequenas costumam passar sem deixar traços, e que vale pouco a pena dedicar a elas muita atenção. Porém, se um Elfo resolve abraçar uma causa, estará disposto a dar a vida por ela sem hesitação — o que não é pouca coisa, considerando o quanto vivem.
De todas as variantes élficas, os Elfos Cinzentos são aqueles que melhor se relacionam com membros de outras raças. Fazem amigos de maneira fácil e criam laços de boa amizade, são sempre solícitos e dispostos a ajudar, e os enxergam apenas como diferentes, sem condescendência, como é típico dos Altos-Elfos, ou xenofobia, como é o caso dos Elfos Silvestres.
Cidades élficas são geralmente pequenas, contendo apenas algumas centenas ou milhares de moradores, em geral escondidas dos olhos dos outros — por magia ou outros meios. São construídas aos pés das montanhas, ou por entre as árvores de uma floresta, mas nunca de maneira destrutiva. Ao contrário, os construtores élficos preocupam-se particularmente em fazer com que suas obras se adaptem à natureza, e não o contrário. Por esse motivo, as moradas élficas são geralmente vistas como santuários e locais de paz.
A infância de um Elfo costuma durar cerca de 100 anos, até que atinjam a maioridade. Durante esse tempo, vivem entre a família de seus pais mas, ao atingirem a puberdade ou a adolescência, são enviados para conhecerem outras comunidades para aprender seus costumes e as diferenças. Na maior parte das vezes, são treinados desde a tenra idade a lidar com arcos e flechas, cimitarras élficas ou outra arma de sua escolha. Não gostam da vida subterrânea, mas apreciam imensamente o mar.
Não costumam existir papéis associados aos gêneros, e não é incomum que as sociedades sejam matriarcais. Ainda que exista uma hierarquia entre os Elfos, com cidadãos comuns, nobres, príncipes, princesas, reis e rainhas, todos em geral são livres para abandonar sua comunidade e viajar pelo mundo. Exceto por situações atípicas, costumam ser bem recebidos quando voltam.
Um lugar-comum em diversas ambientações é que as sociedades élficas estão em declínio. Muitos cenários assumem — seguindo a influência de Tolkien — que é chegada a era dos Homens, que tiram o lugar dos Elfos no mundo. Outros motivos envolvem a decadência da magia, o crescimento da tecnologia ou simplesmente a estagnação cultural. Se for usar alguma dessas ideias em sua campanha, o MJ deve limitar a quantidade de personagens da raça, e fazer com que eles sempre tenham uma espécie de nostalgia pelo tempo que passou e não volta mais.
Outro lugar-comum é que, em geral, Elfos e Anões cultivam entre si uma certa animosidade — tipicamente, por causa das ações de um ou outro grupo (ou dos dois) em alguma guerra contra poderes malignos. Se a campanha inclui ambas as raças, então é necessário que as interações entre elas sofram um pouco: Elfos olham Anões com um certo ar de superioridade; Anões tratam Elfos de maneira rude. Relações diplomáticas, ainda que possíveis e até comuns, são dificultadas.
o quê está diferente, mas é capaz de concluir que alguma coisa está diferente. Nessas situações, os personagens elfos ganham bônus. A perceptividade dos Elfos também os permite que enxerguem no escuro, embora não com a mesma clareza que à luz do dia. As penalidades do escuro diminuem em 1 nível para os elfos.