(Dos relatos de Aland Soren.)
Eis aqui tudo o que sabemos a respeito das Brumas: elas são perigosas, e é isso.
Na verdade, sabemos alguma coisa além disso, mas não muito.
A relação entre as Brumas e o Mana, ou a Essência, é um tema que há muito intriga estudiosos da Academia e do Templo de Honnar. Apesar da inegável conexão entre ambos, as tentativas de compreender e controlar as Brumas, mesmo por parte dos Magos e Sacerdotes mais dedicados, mostraram-se ineficazes. A causa dessa ineficiência permanece um mistério, desafiando a perspicácia dos mais renomados intelectuais.
Uma das hipóteses mais intrigantes, defendida por diversos estudiosos, é que as Brumas transcendem os Elementos e Essências conhecidos. Uma hipótese semelhante defende que as Brumas são a manifestação corrompida do Éter. É impossível para mim dizer qual das duas possibilidades é a mais aterrorizante.
Embora a natureza das Brumas permaneça um mistério, sua origem está envolta em menor obscuridade. Elas nascem da corrupção do Mana, outrora puro e vital, pela influência de sentimentos nefastos que corroem o coração dos homens: a fúria indomável, o terror paralisante, a cobiça insaciável e o desejo de vingança. A Grande Tragédia que assolou a Ilha de Eillie serve como um marco histórico, pois antes dessa calamidade, sua origem era objeto de debate entre os sábios. A magnitude das Brumas que se manifestaram durante a Tragédia dissipou qualquer dúvida, confirmando a ligação entre as Brumas e a perversão do Mana.
Historiadores especulam que a mão de um estudioso imprudente, em busca de dominar as Brumas, tenha desencadeado a calamidade. Se tal teoria for verdadeira, o conhecimento por trás de tal feito se perdeu para sempre, tragado pela fúria das Brumas e pela graça de Uviananth, livrando o mundo de um poder tão perigoso.
Sendo energia mágica corrompida, é comum encontrar Brumas em campos de batalha, bem como nas regiões mais miseráveis das cidades. A despeito dos horrores das guerras e do desespero da fome, as Brumas são sutis – nesses locais, apenas indivíduos já afetados sentem seus efeitos. Manifestações mais densas, como a que se encontra nos Escombros e nas bordas das Brumas de Eillie, são mais perigosas. A grossa nuvem que se põe sobre a maior parte da ilha de Eillie é considerada fatal.
As Brumas não apenas nascem da perversidade, mas também a propagam. Em seus pontos mais densos, como os Escombros ou a primeira Veston, a própria realidade se dobra sob o peso da corrupção. Criaturas abominações, como mortos-vivos, demônios e outras entidades ainda mais terríveis, espreitam nesses lugares.
Esses seres são os restos mortais de pessoas e animais que sucumbiram ao toque das Brumas, transformados em agentes da própria corrupção. Estão além de qualquer redenção, irremediavelmente perdidos para a escuridão. Ao encontrar uma dessas criaturas, não hesite: lute ou fuja. A prudência aconselha a segunda opção, pois a compaixão pode ser fatal.
As Brumas que cercam Eillie guardam segredos insondáveis. Aqueles que ousam adentrar seus domínios jamais retornam, vítimas de um destino cruel e incerto. Especula-se que os horrores que se escondem em seu interior sejam tão abismais que causam a morte por puro terror.
Os únicos que foram capazes de sobreviver ao contato com as Brumas de Eillie foram os elfos de Elarune. No entanto, esses seres élficos guardam silêncio sobre suas experiências, recusando-se a compartilhar qualquer conhecimento sobre o que presenciaram. As Brumas de Eillie, portanto, permanecem como um enigma impenetrável, um mistério que desafia a compreensão humana.
Rumores circulam sobre a existência das “Brumas Brancas”, tidas como a manifestação do Mana influenciado por emoções positivas. No entanto, os únicos defensores dessa teoria são os Sacerdotes do Templo de Honnar. Eles alegam que tais Brumas podem ser observadas em torno de alguns de seus artefatos, mas tal afirmação jamais foi corroborada por outros observadores. Essa afirmação surgiu apenas após a Grande Tragédia elucidar a natureza das Brumas, e os mais cínicos alegam que é apenas uma estratégia de controle do Templo.