Como em todo jogo, alguns amigos interessados se reúnem para jogar. Um deles deve ser escolhido como o Mestre do Jogo (MJ), e os outros serão personagens. Todos fazem parte do mesmo grupo, e todos têm o mesmo objetivo: viver uma aventura emocionante.
O MJ define as linhas básicas de como a história vai se desenrolar: decide em que cenário os personagens dos jogadores vivem: que mundo habitam, que perigos enfrentam, que poderes e recursos existem, como é a sociedade, quem são os heróis, quem são os vilões e muito mais.
Parece uma tarefa dura, mas existem dezenas de maneiras diferentes de se fazer isso. Alguns MJs preferem criar todo o mundo de maneira solitária e apresentá-lo aos poucos aos jogadores, que são como exploradores no desconhecido. Aos MJs iniciantes, recomenda-se iniciar com uma aventura pronta, que já tem todas as diretrizes, os cenários, personagens e acontecimentos definidos, reduzindo bastante o trabalho.
Exemplo
Alberto, Bia, Carlos, Daniele e Eduardo resolveram jogar uma partida em um mundo de fantasia medieval, no estilo Senhor dos Anéis. Alberto resolveu ser o Mestre do Jogo – mestrar a partida: fica a seu encargo a criação do mundo, dos personagens coadjuvantes, das tramas e tudo mais. Como é sua primeira vez como Mestre do Jogo, Alberto resolveu utilizar uma aventura pronta.
Em seguida, os outros jogadores devem criar os Personagens dos Jogadores (PJ). Essa parte é um pouco mais técnica, mas é simples: consiste em escolher suas características e habilidades, atribuindo-lhes níveis, e dar a ele (ou ela) uma história e uma personalidade, fazendo surgir um personagem único que possa viver no mundo fictício criado e narrado pelo MJ. O MJ também cria diversos coadjuvantes, que não fazem parte do enredo principal, mas com quem os jogadores vão interagir – esses são os personagens do Mestre, ou Personagem não Jogador (PnJ).
Exemplo
Sabendo que jogariam em um cenário de fantasia medieval, os outros jogadores resolveram criar os seus personagens. Alberto passou algumas informações a respeito do cenário para seus companheiros. Bia imaginou sua personagem como uma feiticeira chamada Kaylee, com a paciência curta e preferência por magias de fogo. Carlos preferiu um bardo fanfarrão que gosta de beber e viver a vida festejando, ganhando a vida de taverna em taverna tocando seu alaúde e cantando, e lhe deu o nome de Lukah. Daniele criou uma espiã elfa ágil e bastante hábil com o arco chamada Meggan. Eduardo, por fim, escolheu um bárbaro com muitos músculos e pouca paciência a quem deu o nome de Nghar. Para refletir suas habilidades e personalidades, os jogadores escolheram as características adequadas.
Durante uma sessão de jogo, segue-se uma dinâmica bastante simples: o MJ descreve o ambiente e a situação; os jogadores definem o que seus personagens farão, e o MJ diz quais são as consequências de suas ações, com a ajuda de algumas regras. A partir daí, volta-se ao começo, repetindo os passos. As regras, no entanto, são muito mais diretrizes que indicam como o jogo pode progredir do que restrições a um conjunto de resultados pré-definidos – é um jogo aberto.
Às vezes, o MJ precisa decidir se um personagem é capaz de realizar alguma ação. Para isso, decide quais características são relevantes e devem ser testadas; dados são jogados, e o resultado indica o efeito: se a ação foi bem sucedida ou não, e quanto. Ações podem ser fáceis, difíceis ou triviais, depende do que está acontecendo. Ações mais complexas – como combates – geram conflitos, que podem ser resolvidos de maneira mais detalhada, se o MJ assim desejar. Características um pouco diferentes, como Poderes, são resolvidos através de mecânicas próprias. Algumas características existem para guiar a interpretação do personagem, a forma como ele se comporta e se mostra para o mundo.
Exemplo
Alberto descreve: “Seus personagens entram em uma taverna que costuma ser movimentada, mas está bastante calma, dada a hora da noite. Alguns soldados que provavelmente acabaram de ser rendidos de seus postos estão comemorando o fim do dia bebendo, cantando e fazendo barulho. Outras pessoas estão comendo em paz. Vocês notam uma figura solitária fumando seu cachimbo em um canto quieto e pouco iluminado do salão. O taverneiro dá as boas-vindas de trás do balcão. O que vocês fazem?”
“Sem pensar muito, Lukah vai até os soldados e se oferece para cantar uma canção! Talvez ele consiga algumas moedas.” – diz Carlos.
“Ok, eles estão meio bêbados e dispostos a se divertir. Eles pedem para você cantar a canção do rei.”
“Hm… Eu não sei se Lukah conhece essa canção…”
“Faça um teste da sua Habilidade Música, dificuldade normal, pois a canção é bem conhecida”. Carlos joga alguns dados – dependendo das características de seu personagem – e contabiliza seu sucesso:
“Acho que eu consegui. Eu começo a cantar a canção da maneira mais empolgada possível.”
“Certo. Daniele, o que Meggan está fazendo?”
“Ela se senta em uma mesa contra a parede, e tenta olhar disfarçadamente para o sujeito no canto. Eu noto alguma coisa?” – Daniele responde.
“Você tem boas características de percepção. Jogue os dados, mas é Muito Difícil perceber alguma coisa.”
“Hm… o sujeito é cuidadoso.” – Daniele junta alguns dados e faz sua jogada, mas o resultado não foi o suficiente. “Diabos, não consegui. Ainda assim, não vejo nada de interessante?”
“Você percebe que o manto que ele usa é élfico, mas não consegue ver se ele mesmo é um elfo ou não. Alice, e quanto a Kaylee?”
“Ela olha com irritação para os soldados cantando, porque odeia aquela barulheira. Ela pede cerveja e refeição para três e senta-se junto à Meggan.”
“Ok, não é necessário fazer nenhum teste para isso. Carlos, você continua cantando?”
“Sim!”
“Então jogue mais uma vez sua Habilidade de Música.”
Carlos joga os dados, mas não consegue sucesso. Pior que isso, os dados indicam uma uma falha completa. “Hm… os soldados não estão contentes com sua performance. Um deles acha que você está insultando o rei e quer partir para a briga!”
Alice interrompe: “Kaylee imediatamente pula da mesa e vai até os soldados e se coloca ao lado de Lukah e diz: 'se quiserem se meter com ele, têm que se meter comigo!'”
“Não! Está tudo sob controle!”, diz Carlos.
Beto responde: “Tarde demais. Excelente representação, aliás, já que sua personagem tem o Pavio Curto. Você ganha um ponto de Energia por isso.” – Alice marca triunfante o ponto obtido, e Alberto continua: “Mas isso provavelmente vai trazer mais problemas que antes.”
… e por aí vai. É bem possível que uma briga muito feia tenha se iniciado na taverna – como é normal – e a cena continua se desenrolando, com cada jogador descrevendo as ações de seu personagem e o Mestre descrevendo o resto do mundo.
Mas… o que é o Scop?